A European Dialysis and Transplant Nurses Association/European Renal Care Association (EDTNA/ERCA) e a Global Renal Exercise Network organizaram recentemente o webinar "Exercise in Chronic Kidney Disease". O evento contou com a participação do enfermeiro Pedro Martins, Physical exercise program coordinator da NephroCare Portugal, que apresentou o estudo dos resultados do Programa de Exercício Físico para doentes com doença renal crónica, desenvolvido em colaboração com o Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano (CIDESD) da Universidade da Maia. O enfermeiro destacou que o principal objetivo do programa é aproveitar os longos períodos de tratamento para aumentar a atividade física dos doentes. “Nos tratamentos de diálise, que podem durar várias horas, vemos uma oportunidade para incentivar a prática de exercício físico. Os resultados são notáveis: melhoria da aptidão física e da composição corporal, redução da mortalidade e menos hospitalizações”, afirmou.
Pedro Martins sublinhou a importância crucial do exercício físico para estes doentes. “O exercício físico é fundamental para prevenir o declínio funcional e evitar complicações cardiovasculares, que são muito comuns em doentes renais. Além disso, permite que os doentes mantenham uma vida mais autónoma, com um impacto extremamente positivo na sua qualidade de vida”, explicou.
Ao refletir sobre os desafios enfrentados na implementação do programa, Pedro Martins apontou as dificuldades iniciais. “No início, muitos dos nossos doentes não tinham qualquer hábito de atividade física. Para alguns, o conceito de exercício era uma novidade. Por outro lado, também enfrentámos resistência por parte de alguns profissionais de saúde, que não viam o exercício como uma prioridade para estes utentes”, comentou. Felizmente, segundo o enfermeiro, estas barreiras foram sendo ultrapassadas com o tempo e o programa tem sido cada vez mais aceite e valorizado.
Quando questionado sobre o feedback dos doentes, Pedro Martins destacou que o impacto do programa vai muito além das sessões de tratamento. “Os doentes não se limitam a fazer exercício apenas durante o tratamento. Eles levam consigo a mensagem da importância do exercício físico e começam a adotar hábitos de vida mais ativos. É gratificante ver como pequenas mudanças podem ter um impacto tão grande na vida destes doentes”, concluiu.
O sucesso do programa reflete-se, assim, numa melhoria clara da qualidade de vida dos doentes e numa maior adesão a hábitos saudáveis, confirmando a relevância do exercício físico como parte integrante dos cuidados em doença renal crónica.